Você já deve ter reparado que, sempre que falo sobre “estimular a criatividade”, menciono a busca por inspirações em outras áreas.

Hoje, vamos conversar mais sobre esse assunto, voltando a nossa atenção à moda.

Que a moda é um meio rico em referências todos nós, designers ou não, sabemos. O que precisamos entender, inclusive para usá-las em nosso favor, é como absorver estas inspirações.

Afinal, o que podemos observar na moda para aplicarmos às nossas criações?

Te convido, então, a analisar a moda diante de três pilares: as tendências, o estilo e a essência.

Todos somos impactados, o tempo todo e de inúmeras formas, pelas novas tendências da indústria do vestuário. Até mesmo durante a pandemia, período em que se imaginava que a moda pudesse perder “fôlego”, o setor se adaptou e trouxe novas propostas às pessoas.

Mais especificamente, a título de curiosidade, a moda respondeu aos novos tempos com opções mais confortáveis, soluções sustentáveis e outras tendências que refletem as necessidades do mundo atual.

Nem sempre as tendências de moda responderão a demandas mais “sérias” como estas, inclusive. As trends refletem a sociedade e, consequentemente, estão ligadas também à expressão individual, às artes, à política etc..

Justamente por isso, as tendências podem ser passageiras e/ou perder o sentido em curtos espaços de tempo.

Para o nosso exercício de observação e inspiração, ficam diversos ensinamentos: o primeiro deles é esta consciência de que uma tendência pode acabar rapidamente.

E isso quer dizer que não devemos nos aventurar por elas? É evidente que não!

Apenas nos orienta a ter cautela ao incorporar trends ao nosso trabalho, sobretudo quando estas não condizem, de fato, com o que produzimos.

Grandes marcas de moda, sobretudo as grifes internacionais de alta costura e passarela, nos mostram que o design não precisa seguir as tendências populares para ser relevante. Mas pode, se houver o interesse e a necessidade.

É aqui que entra o nosso segundo pilar: o estilo.

Aquela velha máxima de que “as tendências passam, mas o estilo fica” é verdadeira e vale para todo o tipo de design, e até mesmo para a arquitetura e áreas afins.

Não devemos, de forma alguma, ter medo de ousar, ou permanecer “engessados” numa única maneira de criar. Porém, é necessário entender quais tendências e influências se adequam ao nosso estilo próprio.

O design autoral se enriquece cada vez mais ao passo em que o designer “fortalece” a sua assinatura, não é mesmo? E faz parte desse processo tanto decidir testar novas possibilidades, quanto ficar de fora delas.

Criar e manter um estilo próprio, por sua vez, é o que alimenta a nossa essência.

Repare nas grandes grifes, como disse acima, a exemplo da Prada, Chanel, Burberry. Todas elas têm um estilo extremamente característico, ditam e refletem algumas tendências escolhidas “a dedo” e, acima de tudo, têm uma postura muito clara. Algo que, muitas vezes, ultrapassa o material.

Isso é o que chamo de essência.

Não precisamos ir tão longe para falar disso, na verdade. Pequenas marcas, artesãos, costureiras… Todos podem - e devem - firmar o propósito de suas criações para produzir algo que seja, além de consistente, memorável.

O estilo é como você produz, a tendência é o que responde às novas necessidades de quem consome, e a essência reúne estes pontos traduzindo o propósito da criação. Entendendo dessa forma fica mais fácil se inspirar pela moda, não acha?