Como já conversamos anteriormente, um dos traços mais importantes da identidade do meu trabalho é a memória afetiva.
Hoje quero explicar como isso é poderoso no design, de uma forma geral.
Explorando os afetos que criei e cultivei durante toda a minha vida, especialmente na minha infância e juventude, busco transmitir sensações que nos conectam - eu e todos que têm contato com as minhas peças.
Pode soar subjetivo, mas a memória afetiva é algo com o qual convivemos todos os dias.
É esta a parte da memória que nos remete a lembranças com forte carga emocional do passado (distante ou não necessariamente), despertadas através de sons, cores, cheiros, sabores. Ou seja, pelos sentidos.
A memória afetiva, como o nome já deixa claro, nos faz recordar de algo que, mesmo que não seja complexo ou sobre um grande acontecimento, de fato, nos enche de alegria, amor, saudades e outros bons afetos.
Sabe quando você sente um cheirinho de café e lembra das tardes na casa da sua avó? Ou quando sente a textura de uma renda e se lembra do vestido que usou em seu casamento? Todos esses afetos moram em nossa memória mais sensível e delicada.
No design, a memória afetiva é também conexão.
Como disse anteriormente, procuro ligar as pessoas as minhas peças por meio da identificação com os afetos nelas trabalhados. Isto é, as minhas memórias, tudo o que já vivi e aprendi, estão nos detalhes daquilo que desenho, enriquecendo a "bagagem" de cada obra.
É claro que nossas lembranças são individuais - cada um tem sua vivência, seus momentos, suas histórias. Porém, o que as memórias despertam são sentimentos que todos experienciamos; e é justamente aí que mora a identificação entre o designer e o apreciador.
Dessa forma, vale ainda lembrar que o design afetivo, por assim dizer, é geralmente aconchegante e cria ambientes confortáveis para os sentidos, uma vez que desperta afetos íntimos e familiares.