Para criar peças de mobiliário memoráveis, recorro a alguns recursos e técnicas que fazem parte da minha "assinatura". Nesse sentido, os híbridos, como costumo chamar, são muito frequentes na identidade do meu trabalho.

As peças híbridas são basicamente móveis que unem diversos tipos de materiais em sua composição e design, como o metal, a madeira, o couro, a palha, diversas fibras e polímeros. Dessa forma, resultam em artigos visualmente mais ricos e até mesmo mais funcionais, em alguns casos.

Apesar de ter uma definição simples, os híbridos representam um desafio para a criatividade do designer, já que alguns exageros podem tornar a peça over, comprometendo o requinte do móvel e, consequentemente, do ambiente a qual ele está inserido. 

Por isso, uma regra essencial que adoto no desenho de híbridos é a usabilidade de cada material.

Ou seja, o uso de um tecido, metal, madeira ou qualquer outra matéria-prima deve ter um significado que seja assimilável por quem utiliza o objeto - seja no conceito da peça, seja na funcionalidade desta, ou nas duas coisas.

A cadeira Lira, por exemplo, uma peça minha produzida pela Mestre Artesão, é composta por madeira cumaru em seus braços, sendo o assento e o encosto em alumínio tubular. O resultado é uma peça leve e sofisticada, cujos detalhes são úteis e funcionais devido aos artigos utilizados.

Esse modelo foi inspirado no instrumento musical de mesmo nome, a lira, também construído com materiais diferentes em sua estrutura e cordas. Assim, o caráter híbrido faz conexão com a analogia proposta, enriquecendo a cadeira com seus significados e referências.

Por si só, a inspiração clara em algo ou alguém propicia a criação de híbridos harmoniosos e elegantes. Por isso, a idealização de uma peça surge de muito estudo, observação e técnica, agregando valor a ela - em diversos sentidos.

 Anteriormente, conversamos também sobre a importância da versatilidade do mobiliário. Clique aqui para saber mais.